Como escolher o protetor solar ideal?

Cuidados com a peleComo escolher o protetor solar ideal?

Como escolher o protetor solar ideal?

Hoje achei que seria interessante falarmos de proteção solar, também denominada por fotoproteção. Acredito que todos os que chegaram aqui estão fartos de saber tudo sobre a importância do uso diário do protetor solar. Mesmo assim, eu enumero os benefícios: ajuda a prevenir alguns tipos de cancros de pele, ajuda a manter a pele com um aspeto jovem durante mais tempo (sabemos que os efeitos do sol na nossa pele impactam o envelhecimento da mesma, acelerando o envelhecimento programado – estima-se que influencia em cerca de 80% o envelhecimento cutâneo), evita queimaduras solares (que são desagradáveis e dolorosas).

Então como escolher o meu protetor solar? Deixo aqui as que considero serem as principais características às quais devemos estar atentos aquando da escolha.

Fator de proteção solar

Obviamente que o Fator de proteção solar (FPS ou SPF) é fundamental. Sendo assim, devemos ter em atenção dois aspetos nesta escolha: o nosso fototipo de pele (se somos muito branquinhos, com olhos e cabelos claros e queimamos facilmente versus se somos morenos e temos cabelos e olhos escuros, e raramente queimamos) e o índice de radiação ultravioleta do dia/altura do ano. Sendo assim, lamento dizer-vos que, em Portugal, cruzando estes dois fatores, devemos usar sempre, no mínimo, um FPS de 30. Se somos branquinhos e queimamos facilmente, nunca menos de 50+.

Não se preocupem, ficarão na mesma morenos com um protetor solar de FPS mais elevado, caso o vosso fototipo permita claro 🙂

Radiações abrangidas

A luz solar emite uma série de radiações, com diferentes comprimentos de onda. Só algumas destas radiações atingem a superfície terrestre, nomeadamente as radiações Ultravioleta-A (UVA), Ultravioleta-B (UVB), a Luz Visível e a Radiação Infravermelha.

Todos os protetores solares que existem no mercado português e europeu, seguem normas que são comuns a todos. Sendo assim, todos eles nos garantem proteção contra as radiações UVB e UVA. Estas radiações têm um impacto grande na queimadura solar, nas alterações do DNA e no fotoenvelhecimento. Como devem saber, o Fator de Proteção Solar (FPS ou SPF) refere-se apenas à proteção contra a radiação UVB, garantindo ao consumidor o mínimo de 1/3 do FPS em proteção para a radiação UVA.

Nos anos mais recentes, percebeu-se que as restantes radiações tinham impacto na pele, nomeadamente a fração azul da luz visível (HELV) e a radiação infravermelha (IR). Existem marcas que já contemplam filtros que abrangem estas radiações em todos os protetores das suas gamas; noutras, apenas em alguns protetores específicos; noutras, apenas está contemplada a proteção contra UVB e UVA. O ideal será fazer esta proteção mais abrangente, que é particularmente importante nas peles com melasma e outros tipos de hiperpigmentações (onde a HELV tem imenso impacto), nas peles que fazem alergia ao sol e quando queremos uma solução mais global que nos proteja do fotoenvelhecimento.

Características sensoriais da formulação

Nas características sensoriais da formulação, considero que existem 4 características mais importantes – textura, espalhabilidade, perfume/fragrância e cor.

Obviamente que aqui as preferências do consumidor são vitais mas, de uma forma geral, a textura deve ser adaptada ao tipo de pele (mais fluída nas peles mais oleosas versus mais cremosa nas peles mais secas).

Relativamente à espalhabilidade, todos queremos um protetor fácil de espalhar, e que não deixe a famosa white cast (aquela película esbranquiçada que fica na pele após a aplicação de alguns protetores). As marcas estão cada vez melhores nisto, mas é importante ler as alegações do produto e testar (se possível) para perceber se não vamos ter esta experiência menos boa, especialmente quando é um protetor para o rosto.

No que diz ao perfume, existem cada vez mais protetores sem perfume/fragrância, o que é uma excelente opção para as peles mais sensíveis.

A questão entre protetor solar com ou sem cor depende obviamente do consumidor. Atualmente existem imensos protetores com cor, uns com maior e outros com menor poder de cobertura. Muitos deles apresentam um poder de cobertura semelhante a uma base, pelo que a podem substituir por completo. A escolha mais uma vez depende das preferências pessoais do consumidor. No entanto, sabemos que as peles com melasma e outras hiperpigmentações estarão mais protegidas ao usarem um protetor solar com cor, devido à ação protetora dos pigmentos usados, nomeadamente o óxido de ferro. No entanto, não nos devemos esquecer que se aplicarmos pouca quantidade (numa tentativa de controlar a cor), podemos colocar em causa a fotoproteção, diminuindo-a drasticamente.

Filtros físicos versus filtros químicos

Estas substâncias diferem basicamente na forma de proteção: enquanto que os filtros químicos absorvem a radiação solar, os filtros físicos absorvem, refletem e dispersam a mesma. A maior parte dos protetores combina filtros físicos e químicos, havendo presentes filtros de ambos os tipos nas formulações de modo a obter um efeito sinérgico. Tradicionalmente, os protetores solares minerais (formulados exclusivamente com filtros físicos) são indicados nas pessoas com pele sensível e crianças até aos 2 anos de idade, pelo menor risco de reações de hipersensibilidade (pela baixa penetração, comparativamente com os químicos). Não são nem mais eficazes nem mais seguros, ao contrário do que por vezes se pensa.

Versatilidade da formulação

Podemos, por uma questão económica mas também mais sustentável, escolher formulações versáteis. Ou seja, que funcionem na família toda, ou que possamos usar em diversos locais diferentes. Passo a exemplificar.

Podemos usar o protetor solar corporal no rosto. São protetores com texturas mais fluídas e menos práticas para usar na face, mas podemos perfeitamente fazê-lo.

Podemos usar o mesmo protetor solar que os nossos filhos. Em primeiro lugar, não temos obrigatoriamente de comprar um protetor solar específico para crianças (desde que com mais de 2 anos). Podemos usar uma embalagem familiar que dê para todos. Por outro lado, podemos usar o protetor solar infantil num adulto. Os protetores solares infantis têm apenas maior resistência à água (no entanto, não significa que não saiam com a água e que dispensem reaplicações) e também muitas vezes à areia.

Se precisarmos de um stick para zonas sensíveis (para uma cicatriz, para reforçar a proteção numa hiperpigmentação), podemos aproveitar esse mesmo stick para usar nos lábios e nas orelhas, e assim rentabilizarmos o produto.

Preço

O preço continua a ser um fator determinante na escolha do protetor solar. Nas farmácias e parafarmácias, encontramos mais variedade de formulações e, geralmente, espectros mais alargados de proteção. No entanto, existem excelentes opções nos supermercados. Atualmente as farmácias, parafarmácias e lojas on-line têm grandes promoções na época do Verão, pelo que é possível arranjar excelentes negócios e comprar um protetor solar tradicionalmente mais caro por um valor bem agradável.

Para terminar, não se esqueçam que o uso do protetor solar não impede queimaduras solares: as boas práticas de exposição solar deverão ser sempre asseguradas!

Se quiserem saber mais sobre este assunto, podem subscrever a minha newsletter e receberão gratuitamente no vosso e-mail, o meu ebook sobre proteção solar.

Referências Bibliográficas

Proteção solar infantil, Grupo Português de Dermatologia Pediátrica & Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia, 2019 

Recomendação da comissão de 22 de Setembro de 2006 relativa à eficácia e às propriedades reivindicadas dos protetores solares.

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Y Furukawa; R M Martinez;A L M-Jácome;T S C- Gómez; V J P-Contreras; C Rosado; M V R Velasco; A R Baby; (2021). Skin impacts from exposure to ultraviolet, visible, infrared, and artificial lights – a review . Journal of Cosmetic and Laser Therapy

Imagens: Unplash e Freepik

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